domingo, 31 de agosto de 2014

"Por que as pessoas insistem em viver?" Eu procurava a resposta, enquanto o trânsito engarrafado seguia lentamente. À frente, logo após o trocador, um senhor de idade balançava o pé. Não da forma frenética com que eu costumo fazer, seja para liberar energia ou pela singela sensação de estímulos nervosos, conexão cérebro-motor, contração e relaxamento. Ele meio que dançava. Batia os pés num ritmo que me recordava os filmes de discoteca antigos. Então ele alterou a posição da perna e começou a balançá-la. Estava sem apoiar no chão. Ia para frente, para trás.
Era amado? Se sentia esquecido?
Pela janela, via vendedores ambulantes. Sendo que raramente, um ou outro transeunte comprava uma pequena porção dos produtos que anunciavam - batata frita caseira, paçocas em quantidade, pipoca...
O trocador descansava a cabeça sobre os braços mas não entrava em repouso absoluto. Alguma porcentagem de sua atenção estava voltada para as paradas que o ônibus fazia em seu itinerário usual, em que passageiros iam e chegavam.
O costumeiro temor de ser abordado por um ladrão... Preocupava o motorista? O trocador? Os passageiros?
Por que aquelas pessoas que dormiam nas ruas insistiam em viver?

Por quê?


Meu coração pesava.

Ao lado, um senhor gentil me respondia à questões típicas de uma perdida. "Esse ônibus para perto de tal lugar?"

Suspiro.

Mudanças de rotina são exaustivas.
Me inseri no caos com algum objetivo. Ele vale a pena? Tenho outra alternativa?

Compensa?
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O canto dos pássaros pela manhã invernal... Mesmo em meio a cidade caótica, com a flora devastada.
É possível...?